Estudos sobre o controle da agressividade das abelhas

Estudos sobre o controle da agressividade das abelhas
Artigo escrito em 1997 e revisado em 2013. Só agora publicado.
Três notas para os estudos sobre o controle da agressividade das abelhas.
Desde o momento em que iniciei meus estudos sobre a vida das abelhas, chamou-me especial atenção dados e informações sobre o controle da agressividade do enxame.
Em meu livro Aprendendo com as abelhas a viver em sociedade dois itens do 3º capítulo são destinados a descrever os mecanismos da agressividade desses insetos.
No capítulo II-5 descrevo uma experiência inédita no controle da agressividade do enxame.
Utilizando o canto gregoriano é possível trabalhar num apiário de colmeias africanas e africanizadas sem a utilização do fumegador. (O apicultor interessado poderá adquirir o livro no qual trato desta experiência inédita).
A primeira ideia da utilização da música em vez da fumaça surgiu da leitura de uma pequena notícia publicada numa revista de apicultura informando que no Canadá pesquisadores utilizam um aparelho de ultra-som para controlar o enxame. Do ultra-som para a música o passo foi pequeno e a pesquisa tomou corpo e se desenvolveu.
O Controle genético também pode diminuir consideravelmente a agressividade das abelhas. É comum encontrarmos em revistas de apicultura propaganda de apiários oferecendo rainhas europeias de linhagem menos agressivas.
Tenho notado, entretanto, um descuido no papel do zangão para o total controle genético do enxame.é sabido que cientistas europeus dedicam uma atenção especial sobre a fisiologia e o comportamento dos zangões, destacando a importância destes conhecimentos para a europeização dos enxames. Contudo, no Brasil estudos desta natureza pouco aparecem.
Destaco a importância fundamental para a europeização dos apiários, o controle dos zangões africanos ou africanizados. Tais zangões, sendo muito mais ágeis que seus parentes europeus, tem mais possibilidades de fecundar as rainhas. Antes da introdução de uma nova rainha européia o apicultor deveria ser instruído a eliminar os zangões de seu apiário e redondezas. A armadilha para caça de zangões é utilíssima para isso.
Os apiários especializados na produção de rainhas europeias deveriam vender também grande quantidade de zangões europeus para suprir os zangões eliminados pelo apicultor.
Agindo em conjunto renovando as rainhas e eliminando os zangões africanos ou africanizados possibilitaremos a europeização de nossos apiários.
O controle da agressividade da Apis Melífera poderia ser tentado também a partir da miscigenação de rainhas Apis com zangões de espécies brasileiras?
Não pude observar com atenção este fato, contudo um episódio me levou a esta hipótese.
Necessitei colocar algumas colmeias de jataí junto a colmeias de Apis Mellifera. Nós sabemos que as duas espécies costumam ser inimigas. Após um período inicial de conflito, os enxames se acalmaram e cada qual procurou viver sua vida. Após mais de um ano de convívio entre as duas espécies, um fato chamou-me a atenção em uma das colmeias de jatai. O enxame estava desaparecendo, poucas operárias entravam e saiam da caixa, e no canudo de cera que serve de entrada e saída para as abelhas estavam grudados pupas de operárias europeias Eram iguais no tamanho e na forma àquelas que encontramos no alvéolo das colmeias europeias. No momento não consegui explicação para o fato. Posteriormente, abrindo a colmeia de jatai para observação notei que o ninho estava completamente alterado e desorganizado.Só depois de muito pensar cheguei a seguinte conclusão: a proximidade com apis mellifera levou algum zangão desta espécie a fecundar uma rainha Jataí. Esta, voltando para o ninho iniciou a postura sem saber que diria origem a operárias gigantes. Os alvéolos próprios para a pequena Jataí, após alguns dias não comportavam mais as gigantes que foram retiradas e levadas para fora e presas no canudo de cera que serve de entrada. Por falta de novas operárias normais o enxame deixou de executar as tarefas da colmeia e morreu. Seria possível uma miscigenação entre as espécies nativas e as apis? Quem sabe nossos especialistas em genética possam responder a essa pergunta. Por enquanto, ficam aqui estas três notas sobre o controle da agressividade dos enxames.
Mauro Frederico Demarchi outubro de 1997.